segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Vasos




 Da pintura grega antiga pouco sobrou, além de poucos vestígios que não deixam grande segurança para saber mais sobre ela.

Apesar de, nas fontes literárias, encontrar valorização da pintura, o que nos chega até hoje não é metade do que, provavelmente, foi produzido. Desta forma, a análise é feita de modo indirecto ou comparativo, onde a Fase Arcaica conserva suas formas geométricas herdadas do neolítico: simples no desenho e na cor.Onde o vermelho do barro servia de fundo para as figuras pintadas a negro.



É no Periodo Clássico – (século V e IV a.C), que se desprende um tanto do modo simples de decoração, passando a objectos de dimensões reduzidas, na qual conseguem ganhar, no sentido realista e minucioso, com a já introduzida técnica de pintar o fundo a preto, deixando a figura que se pretendia expor, na cor vermelha do barro.

É nesta fase que se denota um realismo de concepção matemática e de seu ideal de beleza que também, eram reflectidos em outras áreas da arte.

Sendo no Período Helenístico(5) a perda de uma harmonia matemática (como referido), ganhando formas amontoadas de acção e dramatismo.

Nestes vasos o artista retratava a passagem de um mito, ou de um acontecimento do cotidiano humano, no qual, nos permite saber mais sobre esses homens das artes.

Os artistas por vezes assinavam suas obras, facilitando o estudo actual, mas por vezes, o responsável pelo estudo, sem ter o nome do pintor, analisa os objectos, rotulando-os pelo tema representado.
Este tipo de arte obedece a três fases:

*                   Estilo Severo (530 – 475 a.C)
*                   Estilo livre (475 – 420 a.C)
*                   Estilo Florido (420 – 390 a.C)

No presente estudo, os vasos que serão analisados se enquadram no primeiro estilo.
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(5
A qualidade dos vasos, com suas representações estavam em declive na Grécia continental enquanto na Magna Grécia se alcansava o esplendor da tecnica.


sábado, 24 de dezembro de 2011

Mitologia


N

a mitologia grega encontra-se personificada, com histórias magnificas de heroísmo e belos cenários, as mais diversas entidades.

Desde: elementos da natureza, fenômenos que não conseguiam explicar, até situações e reacções que resultavam não só da acção humana, mas, as consequências de seus actos. Retrataram estes, através de deuses de múltiplos rostos.
Povoaram céus, terras e submundos na tentativa de compreender o que os rodeava.

Desta forma, também a Paz (o mais valioso dos acontecimentos) teria que ter uma forma própria. No caso, esta era filha da Ordem Universal e do deus que regia ante eternos e mortais.

Eirene, como filha de Thémis e Zeus, tinha como irmãs: Dike (Justiça) e Eunomia (Disciplina). As três eram extensões dos poderes de uma Lei que estava acima, até mesmo, dos Deuses Imortais.

Em Athenas, também, eram chamadas de Tallo (brotar), Carpo (fruto) e Auxo (crescer).

Essas designações lhes davam uma maior proximidade às divindades ligadas a fertilidade, como por exemplo: Demeter e Afrodite.

Estas três deusas,  que juntas, guardavam as portas do Olimpo  eram chamadas de Horas(3). Extensões dos poderes de sua mãe, ou simples representação de uma evolução da fertilidade, que tinham nos mitos funções secundarias, tais como como:

*            Aparecer no séquito de Dionysos;

*            Ajudar no nascimento de Afrodite;

*            Dançar ao som da lira de Apollo;

*            Acompanhar Perséfone;

*            Servirem Hera;

*            Acompanhar Pan;

*           Atrelarem os cavalos de Hélio;


E, é por esse motivo de complementaridade que na arte, durante muito tempo, não foram desassociadas.

Este facto, só aconteceria quando o apelo por uma ou outra tornou-se indispensável. Em tempos de injustiça, quanto aqueles que eram desprotegidos dos abusos dos mais poderosos, o apelo surgia para a filha que representava a consciência de uma justiça entre os homens (Dike). Em consequência desta, a Disciplina e a Ordem, (Eunomia). E em tempos de guerra, era Eirene a mais almejada, em especial, durante o período das guerras Medo-Pérsicas e a do Peloponeso, como focarei mais adiante.

(3) As Horas, inicialmente eram as três filhas de Themis, mas mais tarde viriam a ser representadas por muitas.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O que é arte?


Pode-se dizer que esta pergunta assola a cabeça dos muitos artistas/ou não artistas que passaram pela história. Segundo as respostas adquiridas ao longo dos tempos, há que se admitir que o conceito de arte varia de acordo com as necessidades de sua época e de cada artista, sendo por tanto, um conceito mutável. Para este trabalho da cadeira de Arte da Antiguidade Clássica e como  seria de esperar, focarei o conceito do filósofo Platão para esta introdução:

Para Platão, a arte, nada mais era que a cópia de um mundo que em si, já era uma cópia do mundo das ideias(1). Ou seja, no conjunto de idéias deste filósofo, existia uma desvalorização, ao mesmo tempo que uma certa valorização, do que a arte representava.

Nestes termos, pode-se dizer que no campo teórico, a arte é desvalorizada pelo facto de que: se a arte é uma cópia da cópia de algo real (do mundo das idéias), ela não tem uma essência(2) como a ciência, sendo, assim, inferior a esta ultima.

No sentido prático, a arte – dada a inferioridade teórica – torna-se danosa no sentido moral. Ela é aquela que actua através dos sentimento, podendo nos atrair tanto para o verdadeiro como para o falso. Tanto para o Bem como para o Mal.

E, nesta sequência, aquilo que estava relacionado com a razão e sua tentativa de aceder ao mundo das ideias, era o puro Belo.

A filosofia – caminho para razão – que despreza o corpo que o prende num mundo de projecção, refuta a arte, pois, esta não tem sequer, a sombra do que é de facto real.

Sendo ou não uma cópia do real, no mármore ou no bronze, os gregos conseguiam transmitir tudo, ou quase tudo, que se passava no seu cotidiano, para que, de futuro, pudessem ser contemplados por outros olhos. Realidade ou não, são testemunhas preciosas do pensamento da época que a retrata.

Testemunho que o Homem encontrava  e ainda encontra   na arte, a transmissão de seus desejos e de seu respeito a determinado acontecimento ou figura. Nela encontrou a forma simples de demonstrar o que se passava no seu cotidiano: sonhos e crenças; trazendo à vista da realidade (que era admitida por Platão como projecção) o que lhe atormentava ou agradava.

Este trabalho tem como principal objectivo a análise da pintura e da escultura da deusa Eirene (personificação da Paz).
Para analise da arte sobre este tema foram escolhidos dois vasos distintos e, dois relevos, no qual, um sendo cópia romana do relevo grego e, outro, genuíno de Roma.

Na escultura avulsa escolhi a escultura de Cefisódoto – (Eirene e Pluto), mas, não sem antes expor Eirene na mitologia e o seu significado  que foi ganhando força e expressão ao longo dos séculos, pois que, a necessidade desta divindade estará traduzida na arte a qual passo a analisar.

(1) O mundo da ideia está relacionado com o mundo espiritual, livre do corpo e de suas necessidades.
(2)A realidade para os gregos estava vinculada com o Ser. O ser, que simplesmente é. Aquele que se dignifica por simplesmente ser. Segundo Parmenide, o ser é único, não podendo se mutiplicar.